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VALE DO MUCURI PODE ENFRENTAR ESTIAGEM PROLONGADA COM EFEITOS PREJUDICIAIS PARA TODOS

  • profademircomunica
  • 20 de set. de 2021
  • 4 min de leitura

Estudo feito por professor da UFVJM alerta para nova crise hídrica. Cidades têm menos árvores e choveu menos que o esperado


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Fotos de Jamerson Albuquerque Tiossi na área territorial de Nanuque em 8/9/2021



Um trabalho desenvolvido pelo sociólogo Leonel de Oliveira Pinheiro, especializado em cooperativismo, professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), acende luz amarela – sinalizando para a vermelha – para fatores climáticos, efeitos da seca e possibilidade de uma nova crise hídrica, como a que ocorreu entre 2014 e 2015.


Desde 2010, ele estuda os efeitos da seca, das mudanças climáticas e da situação da vegetação das cidades, especialmente para produtores rurais que se unem em cooperativas e aqueles que sobrevivem do campo, como parte do Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar (GEPAF). Para ele, a situação só tem piorado. A região é cortada pelos rios Mucuri, Pampã e Jequitinhonha, mas o mapa é "desigual" nesse sentido. Há cidades que não são banhadas por nenhum desses rios, e em outros municípios a calha não é grande, pela própria composição geográfica.


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A região do semi-árido mineiro está sob influência de La Niña, efeito climatológico da diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, reduzindo a quantidade de chuvas e deixando o clima no Sudeste ainda mais seco.


O professor aponta que a “arenização”, novo nome dado pelos biólogos ao processo de "desertificação", é grande no Vale do Mucuri. Ou seja, menos árvores, menos vegetação, que ajuda no processo das chuvas. O município de Carlos Chagas, por exemplo, tem apenas 2% de área de vegetação, um número muito baixo, que contrasta com o solo fértil.


"É claro que esse não é o único fator. Temos uma queda gradativa desde 2010 da quantidade de chuvas na região, o aumento do calor. É uma somatória de problemas que se transforma nesse caos", disse Leonel.


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Leonel de Oliveira Pinheiro, pesquisador do Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar (GEPAF), aponta situação crítica no Vale do Mucuri (foto: divulgação)



A prefeitura de Carlos Chagas reconhece o problema, mas lembra que também sofre com essas consequências. Em 2016, produtores rurais perderam cabeças de gado e muitos também tiveram lavouras perdidas. Hoje, algumas comunidades mais afastadas já enfrentam o desabastecimento. A prefeitura leva caminhões pipa e estuda canalizar água para espaços de uso coletivo. É justamente os bairros mais distantes que preocupam.


O estudo mostra que Nanuque e Carlos Chagas, por exemplo, têm uma grande área territorial, mas poucos moradores, a chamada baixa densidade demográfica. "É a matemática difícil de conseguir levar água para todos os locais, por mais difíceis que sejam de alcançar. É por isso que outras políticas precisam ser pensadas para que a água chegue a todos", analisa o professor.

Matéria publicada no jornal Estado de Minas, edição do dia 3 de setembro, resume bem a situação já no primeiro parágrafo: “Olhar para o céu em tempos como esses deixou de ser um sinal de esperança. Passou a ser de medo e apreensão. Com pouca chuva, a estiagem castiga o interior mineiro, que vê cada vez mais perto o fantasma do racionamento de água por causa da crise hídrica.”


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(Arquivo: foto de outubro de 2014 - Jamerson Albuquerque Tiossi)



EFEITO DO PERÍODO DE ESTIAGEM


Desde junho que vários municípios de Minas Gerais começaram a sentir o efeito do período de estiagem. Mais de 100 cidades mineiras estão sob decreto estadual de situação de emergência, medida válida até 15 de novembro; 86 delas são cidades do Norte de Minas, região com o pior cenário. A segunda região mais afetada em Minas é o Vale do Jequitinhonha, com alerta em 32 municípios. Vale do Mucuri e Noroeste de Minas têm três. A região Central tem dois e o Vale do Rio Doce um.


Presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), José Nílson de Sá, também prefeito de Padre Carvalho, diz que os decretos possibilitam que mais recursos e ações sejam empregadas. “Possibilita situação jurídica para os municípios receberem recursos do estado e da união”.


Além das ações já existentes, como a distribuição de água potável por caminhões pipas e entrega de alimentos a famílias carentes, a Defesa Civil Estadual também conta com o programa Água Doce, para tornar água potável para os moradores. O coordenador estadual da Defesa Civil, Coronel Oswaldo de Souza Marques, destaca que outro projeto é o Convivendo Com a Seca, que destinará cisternas para a região do semiárido mineiro com recursos do acordo de reparação firmado entre Vale e estado pela tragédia de Brumadinho.


EMERGÊNCIA - Cerca de 17% dos municípios de Minas Gerais decretaram situação de emergência por causa da seca no estado. De acordo com a Defesa Civil, 145 das 853 cidades do estado atravessam crise provocada pela estiagem. Os municípios ficam nas regiões norte e vales do Jequitinhonha e do Mucuri, as mais afetadas pela escassez de chuva em Minas Gerais.


A vigência do decreto é de 180 dias. Há cidades que vão permanecer em situação de emergência até janeiro do ano que vem, quando há a expectativa da volta das chuvas intensas. (Com informações do jornal Estado de Minas e g1.globo.com)


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